evão do caminhão

nos momentos cruciais... estacione seus neurônios e acelere seus hormônios

sexta-feira, agosto 20, 2010

A CONFIANÇA É COMO A FÉ

Como faz então uma pessoa como eu que nasceu com o chip da DESconfiança instalada no sistema?
Tenho por princípio pensar que ninguém presta, ninguém é do bem e mesmo quem te parece bom é questão de tempo pra te mostrar ao lado naja e te dar o bote. Não confio em amigo de amigo, não confio em pessoas do trabalho.

O meio de me defender então é esperar sempre o pior da humanidade e quem sabe um dia possa ser surpreendida. Até hoje dá pra contar nos dedos de uma mão as vezes que isso aconteceu.

Pra ter confiança em alguém penso ser necessário estar em um grupo, em ter por perto pessoas que concordem com suas ideias ainda que como massa de manobra, boi na boiada; que digam amém e te puxem o saco. Daí sim funciona.

Vejamos a questão dos grupos pra provar minha teoria:

1. Religião - Tu és como deus princípio e fim

As variadas 'igrejas' se auto-protegem e atacam as que pensam diferente. Tudo em nome de algum deus que ninguém nunca viu, mas todos confiam plenamente.

Andrew Newberg analisou o cérebro de pessoas em períodos de reza profunda e sugere que as crenças e atos religiosos seriam benéficos para o organismo; a fé seria responsável por formar grupos, minorar o isolamento e disseminar hábitos positivos.

2. Política e economia - Fé demais não cheira bem

Ano de importante eleição. O que há nisso além confiar em um grupo político? Porque até podemos votar pensando no caráter individual de um candidato, mas ele está representando um determinado grupo e esse grupo não é nada mais do que um elo da tal "aliança pela governabilidade" e aí vale qualquer troço sujo e não confiável. Obama disse em seu discurso "queria agradecer a confiança depositada em mim".

Há até o Índice de Confiança do Consumidor da FGV pra detectar a crença das pessoas na economia. E no mercado ou você segue o grupo que já está estabelecido ou arrisca tentar o que não foi feito e aposta no imprevisível. E aí entra a fé, como diz Marcos Fernandes.

3. Trabalho - Eles falam outra língua pela nossa voz

Impressionante os mini-grupos que existem nos ambientes de trabalho e eles mudam incansavelmente de acordo com a necessidade de criar 'acordos'. Especificamente no MEU trabalho tudo fica pior, porque um lugar rico em presença feminina pode destruir pessoas quando determinado grupo se forma; e isso pode funcionar a seu favor ou você pode ser perseguida até virar pó.

4. Esporte - Quando tudo fala igual palavra-palha

Esse caso é clássico. Torcida organizada, blogs... um monte de gente boa, mas novamente atuando em prol do grupo. Tudo pelo time, ou tudo pelo grupo que te rodeia? Você diz aquilo que acredita ou aquilo que te pedem pra dizer pra permanecer protegido entre seus pares?

5. Amigos e família- A nossa casa até parece um ninho

Esses grupos funcionam pelo bem da evolução também. É preciso defender o sangue para que seus genes e suas convicções permaneçam vivos quando você se for. Necessário acreditar que pelo menos essas pessoas estejam perto sem qualquer intenção de troca. Sem cobranças, apenas para que você ainda tenha fé em que viver vale a pena e não puxe o gatilho na própria cabeça.

6. Amor - Nunca existiu o paraíso, nunca é o dia do juízo

Barros Filhos diz que o amor também é uma ilusão compartilhada. Se uma pessoa te dá alegria você tende a se aproximar dela. E a esperança de que a pessoa que te alegra hoje também pode te alegrar amanhã faz você seguir os dias junto com alguém.

Logo, quando você para de sentir alegria não adianta mais ter fé que tudo vai ficar bem.

7. Eu - Quem fala a verdade não jura, estou comigo e não abro

Talvez eu esteja num momento sem grupo em nenhuma instância. Tô novamente no bloco do "eu-sozinho". A única coisa que me resta é não confiar na minha capacidade de não confiar em mais ninguém.


"Sempre é pouco quando não é demais!"

*texto inspirado na leitura da revista Galileu abril/2009 que peguei na escola pra ler sobre a eficiência científica no tratamento de Parkinson

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quinta-feira, agosto 19, 2010

SEMPRE HAVERÁ UMA CANETA PARA ESCREVER O FUTURO, MAS NUNCA HAVERÁ BORRACHA PARA APAGAR O PASSADO

Em 2003 o Zé deu o toque de que funcionário público 'ganhava o dia' se doasse sangue. A partir de então sempre esse evento acontece coletivamente quando o trabalho 'precisa' ser deixado em segundo plano em relação à sua vida pessoal. As mosquetas presentes. No início, a Luzinha até ia de sapato de salto alto e roupa pesada pra poder passar nos quesitos, mas nunca rolou; mesmo assim ela ia nos acompanhar.

Era com naturalidade que fazíamos as entrevistas, até mesmo quando fui chamada de promíscua levei numa boa. Só que de uns tempos pra cá é só você citar que precisa de atestado de trabalho que os entrevistadores fazem de tudo pra ferrar sua vida.

Sabe, é fácil achar que o trabalhador é abusado por fazer isso, mas na verdade tem que ter colhão pra fazê-lo. Não é fácil expor sua vida. Essa porra é pior que FBI, eles sabem tudo sobre você e têm uma memória incrível (coisa rara hj em dia). Além disso você precisa se manter razoavelmente saudável apesar da incrível velocidade com que a velhice se aproxima e suportar a dor das espetadas.

Ontem fui animadíssima, seria minha 9ª doação e não sei porque me senti ansiosa demais por estar a um passo dos "irmãos de sangue" e ter a fotinha colocada lá no quadro.

Aí fodeu a biela. Meu nervoso, minha raiva e minha ansiedade estão me destruindo de dentro pra fora. Logo cedo fui buscar minha placa anti-bruxismo (tô com um mega desgaste). Daí quando chego na Fundação Pró-sangue tô com a pressão alta e taquicardia.

Só depois de 2 horas e muita conversa consegui realizar meu tento. Tata, obrigada pela presença. Sem você eu não conseguiria.

Depois tudo foram flores. Um pouquinho a menos de peso, fofoca e goladinhas com Tatanca (dia econômico!) a tarde toda. Luzis, Sil, Maga...

Terminando o dia com o lançamento de mais um livro de Victor Gabriel. Aliás, não sei pq raios o menino não lança logo o próximo conto; ler sobre serial killers, ok... mas direito penal definitivamente não rola.

Hoje o inferno de ter que encarar a rotina e descobrir que a coordenadora deu aula na sua sala ontem só pra poder "ver melhor" o que a funcionária faz.

Depois dessa não há aparelho que conserte meus dentes, nem pressão que possa baixar...

Talvez os amigos e a loira ainda estejam presentes quando eu estiver no fundo do poço da ira.


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sexta-feira, agosto 13, 2010

TODOS OS MEUS ERROS SÃO ESPERANÇOSOS PELA RELEITURA

Ainda não vislumbro alunos de escola pública com seus notes sobre a mesa. Aliás, nem caderno eu tenho conseguido ver ultimamente. O que me dá certo desespero. Meus cadernos sempre foram expressivos. Muitas mensagens por dentro e por fora. Em todos há pouca coisa das aulas propriamente ditas, mas muitas citações, frases de caminhão, bilhetes, esboços de cartas, sugestões de livros e filmes. Os da infância estão encaixotados, mas alguns recentes eu encontrei e registro coisinhas interessantes que achei dentro deles:


Caderno com muita coisa misturada:

"Em um mundo às vezes tão cinza e sem brilho, você sempre acaba nos mostrando como é bom ser fofa e rosa. Este caderno é mesmo sua cara!" (Perucas)

"Quero que as mosqueteiras sejam eternas. Colabore..." (Luzis)

"Poluição corporal é aquele monte de gente segurando assim no ônibus."

"Existem muitos satélites por aí, quem garante que um deles não vai cair na nossa cabeça?"

"Se a beleza é gratuita no seu aparecimento, é utilitária em seu aproveitamento."

Uma carta de (des)amor que não sei se cheguei a enviar, mas fiquei com medo ao relê-la.

"Penso, logo desisto."

Uma lista de músicas, incluindo: 'e as estrelas lá no céu, eu vou buscar...' e 'bota a não no joelho dá uma abaixadinha...'

Pautas de reuniões CNPQ na ECA, relatórios do Projeto Piá e atas de movimento estudantil.

Desenho de dois carinhas de mãos dadas e o diálogo tata / eva: 'qualquer maneira de amor vale a pena' / 'o importante é gozar, mas eu prefiro macho'.

"A morte não é senão a vitória do tempo."

"Não que eu goste de falar mal... eu não sou disso. Pra que falar mal se eu posso ser sincera?" (Luzis)

Muitos jogos dos pontinhos.

Registro de um banco de horas que nunca foi descontado.

Rascunho do discurso de formatura. "Ô Ze´, corpaço"

"IV Congesso da USP - UNE / FASUBRA - faltaram"

"Paulo Renato: único projeto ainda não implantado é a universidade paga."

Várias ideias sobre cotas. Tinha até cota pra banguela.


"Já estão colhendo nossas margaridas."

Com letra de aluno: "A Eva é careca, a Ana é cabeluda, a Thainá é uma cobra tem uma língua tão grande."

Um folheto de Santo Expedito.

Uma tirinha da Miss Silicone.

Muitos adesivos de bagagem de viagem colados.

Capa auto-explicativa:

"Mania de psicologizar comportamentos na escola."

"Você só marca o tempo por aquilo que te traumatizou."

Lenda de Gilgamesh.

"Acho que estou tonta, tonta, tonta, tonta! Bebeu água?"

"Uã hã rã"

"há tantas figurinhas soltas, pra que repetir?"

"Traição - capacidade de se adaptar aos novos tempos."

Comentários de estágio: "alguns rituais foram estabelecidos e funcionam como regras; aluna comenta que come ferro todo dia, professora pergunta: pq... chupa prego?; gráficos e mais gráficos de rendimento escolar"

"Vitimologia - desejo de eliminação."

Resenha filme Briga de galo em Bali.

"6/8 - Victor"

"Senti-me como se minha alma, se é que tenho alma, se desprendesse e subisse para o céu como uma labareda alucinante."


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No momento mais caminhoneira da minha vida:

"A solidão me expectora: só eu assisto a esta insônia do mundo em mim."

"O mal do autoritarismo é a omissão de quem se submete."

"Pausa para o dois (Luzinha). Não fui bem sucedida! (Eva)"

Um jogo de stop.

"(SAP)Alô, alô marciano... aqui quem fala é da Terra"

Muitas resenhas de filmes da aula de sociologia do cinema.

Escrevi bem pouco e mudei muito a letra nesse caderno, acho que andava meio confusa.



Quando eu ficava só de olho...

No horário da contra-capa tem cinema de 4ª feira e happy hour 2ª, 3ª, 4ª, 5ª e 6ª.

Anotações sobre meu último trabalho da graduação ( sobre TV com Luzinha): "campeões de audiência entre as crianças não são os programas infantis".

Mais resenhas de filmes.

"As pedras falam, eu estou calado."

Trechos de "deslizes" do Raimundo.

Duas folhas grampeadas escrito SAQUINHO e dentro :um DISQUETE e datas de lua cheia para rituais .

Adesivos de Ivan Valente 1330, Lisete 13567 e Lula PISIDENTE!

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Registro de uma fase "vagabunda" de existência por fora e por dentro um lance BEM psico/sociológico:

"Não há política social que dê conta do envelhecimento; só se valoriza o que se mantém da juventude."

"Neurótico é neurótico porque não acredita no impossível."

"Não precisamos de tolerância e sim de respeito. Toleramos tomar remédio ruim."

"Documento vira monumento quando há necessidade de memória coletiva."

"Toda porta tem uma chave, toda situação tem um chavão."

E tem também um roteiro pra programa de televisão. Bem bom!


Aqui quando eu ficava viajando na pós graduação em história... boiando...
ondulando...

Vários adesivos fanfarrões do bob esponja, super úteis em aulas bodeantes (não foram poucas).

"Não há participação efetiva das massas; quando há = massacre."

Anotações sobre o livro da escola anarquista escrito pela colega de sala.

27/8 - churras

"As civilizações que não tiveram fotografia morreram duas vezes."

"Memória manipulada / memória e esquecimento / memória oficial " (caralho, 2 folhas só sobre memória)

"Miscigenação - fábula das três raças."

Reaproveitamento do trabalho sobre a briga de galos de Bali.

"Honra baseada na fidelidade da mulher e na virgindade da filha."

"Trabalho feminino é reprodutivo e não criativo."

"Universo pedagógico é o da incerteza."

"Tinham as mãos atadas ou algemadas, e mesmo assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras... quando nasce da necessidade de dizer não há quem impeça a voz humana."

"Favela não é árida; espaço de miséria gera encontros."

Trechos de música do José Augusto.

"Sexo virtual= melhor mail de encontrar o . G"

Agenda semanal da Tata, incluindo escola, natação, barba, bigode, unha e drenagem.

Desafio musical com Tata: perereca da vizinha x sabiá lá na gaiola e a pipa do vovô x o pinto do meu pai.



Nunca uma capa foi tão perfeita pra um ambiente de trabalho e na vida pessoal:


Nada melhor do que mostrar essa capa pra todo mundo que me irrita:



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quinta-feira, agosto 12, 2010

A SORTE NÃO EXISTE. AQUILO QUE CHAMAS SORTE É O CUIDADO COM OS PORMENORES

Sabe o dia que você se esforça quando acorda... pensamento positivo "vou fazer minha parte pro dia rolar melhor do que ontem" e tals...

Então:

1. o carro não pega
2. tem trânsito na estrada
3. vc chega 1:30 atrasada e será bem descontada
4. vc tenta lavar o carro em casa pra evitar falar até com o lavador e TODAS as suas vizinhas vêm interagir
5. na pressa de agilizar o almoço, vc ainda molhada do carro leva um puta choque no george foreman
6. vc tenta dormir e não consegue
7. ainda é convidada pra sair de casa pra visitar parente

E dizem que a 6ª feira 13 é o problema...

Acho que vou dormir antes que caia uma bigorna na minha cabeça. Ah, o braço ainda está dormente do choque... demora muito pra passar?

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