AS COISAS FICAM MUITO BOAS QUANDO A GENTE ESQUECE
MAS ACONTECE QUE EU NÃO ESQUECI A SUA COVARDIA, A SUA INGRATIDÃO
Dizem que tem vida boa quem se torna adulto e segue morando com os pais. Por um lado essa máxima revela a mais pura verdade, mas não demonstra o desassossego diário que carregamos no coração. Nesse tempo infindável de pandemia talvez carregamos o fardo mais pesado: manter vivos quem mais amamos. Só que tudo isso tem um preço: precisamos enlouquecer. Regras rígidas e insanas. Exaustão no corpo e na alma. Acordar de madrugada a cada tosse e não dormir mais. Observar em silêncio cada movimento suspeito. Ainda que ele esteja só na sua cabeça. Cuidar de pais que nem são seus, pois você é o ente mais próximo.
Ao acordar receber o que de volta? Carinho? Reconhecimento. Nada disso. Ingratidão!
Fácil mesmo é a sina do filho que partiu, que foi cuidar da própria vida. Fica bem na fita, com ares de evoluído. Postando fotinha no instagram e fazendo chamadinhas de vídeo aleatórias quando convém.
Até os parentes que judiaram nos últimos anos viraram santos. Sim, a pandemia revelou perdões impensáveis. Acontece que eu não esqueço toda a judiaria praticada no passado. Mas eles também merecem reconhecimento e valor.
Eu sigo aqui ouvindo que sou radical, dona da razão, mau humorada, que caço pelo em ovo, que sofro à toa, que não entendo piada irônica...
Pretendo seguir cuidando até o efeito da segunda dose da vacina. Depois eu só quero descansar.
Quem sabe até a eternidade...
Marcadores: filosofando
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