MAS PRA FAZER UM SAMBA COM BELEZA É PRECISO UM POUCO DE TRISTEZA

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É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não


Até um tempo atrás achava que tínhamos a obrigação de sermos felizes em tempo integral... mas hoje tenho convicção que isso não existe... é balela... há tanta intensidade na tristeza que deveríamos aprender a lidar melhor com ela.

Quando mataram meu melhor amigo eu senti minha primeira dor de tristeza... sim, uma dor física tão profunda que chegava a sangrar... e depois disso essa dor tem aparecido mais insistentemente e essa semana se repetiu... depois de uma noite feliz em volta da mesa do boteco com os amigos ela chegou... e fez um estrago... mas depois que passou e eu me senti tão viva, tão pronta pra recomeçar, pra escrever, pra cantar...

E aí eu assisti o filme Vinícius e veio muito a calhar com tudo isso que eu tava matutando... ele é a prova real que o ser humano foi feito pra viver assim, de arrebatadoras paixões, profundas tristezas, destruidores turbilhões emocionais, um sobe e desce de alegria e melancolia, senão não haveria graça... seria apenas monotonia.

Acho que o nosso corpo é pouco pra conter tantos sentimentos... e penso que por não cabermos em nós mesmos desenvolvemos moléstias... pq a enxaqueca que dilacera parte da cabeça? pq a gastrite que arde na nossa barriga? pq a ressaca que dá calafrios e angústia? pq as lágrimas e a dor no peito de uma saudade, ainda que inventada...

Se precisamos ser felizes? Não sei... precisamos viver!

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