evão do caminhão

nos momentos cruciais... estacione seus neurônios e acelere seus hormônios

terça-feira, novembro 19, 2013

O ACASO VAI ME PROTEGER ENQUANTO EU ANDAR DISTRAÍDA

"Às vezes acredito em mim, mas às vezes não
Às vezes tiro o meu destino da minha mão
Talvez eu corte o cabelo
Talvez eu fique feliz
Talvez eu perca a cabeça
Talvez esqueça e cresça

Talvez precise de colchão, talvez baste o chão
Talvez no vigésimo andar, talvez no porão
Talvez eu mate o que fui
Talvez imite o que sou
Talvez eu tema o que vem..."

- Arnaldo Antunes -



"Sigo estradas, sigo pistas pra me achar
Sempre parto antes que comece a gostar
De ser igual, qualquer um
Me sentir mais uma peça no final

Pelas minhas trilhas, você perde a direção
Não há placa nem pessoas informando aonde vão
Penso outra vez estou sem meus amigos
E retomo a porta aberta dos perigos

Na verdade continuo sob a mesma condição
Distraindo a verdade, enganando o coração."

- Pato Fu -


"Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?

Eu não vou me adaptar!"

- Nando Reis -


TRINTA E SEIS, CARALHO! NOVOS VENTOS ESTÃO SOPRANDO NA JANELA...



segunda-feira, novembro 18, 2013

NÃO TINHA UM DIA-A-DIA. ERA UMA VIDA A VIDA



Assistindo "Tudo o que é sólido pode derreter" me deparei com um livro que ainda não conhecia (santa ignorância!). Comentei com o Japa que, prontamente, tratou de me presentear com o título. Comecei a leitura e reduzi de imediato a velocidade. Apesar de ser bem fininho, precisei de meses para degustá-lo. Muitos livros nos emocionam e identificação com personagens é a coisa mais comum do mundo. Agora, o que essa filha da puta (no bom sentido, claro) da Clarice Lispector fez foi sacanagem. Vai futucar assim a alma lá na casa da caralha. 

Bem que Clarice avisou na nota "Este livro se pediu uma liberdade maior que tive medo de dar. Ele está muito acima de mim. Humildemente tentei escrevê-lo. Eu sou mais forte que eu."

Tem muita coisa que rola aqui dentro que eu só sei sentir; de jeito nenhum consigo explicar, mas num é que a danada da Clarice tinha as palavras certinhas para traduzir? 

Nem vou falar do fato da personagem principal ser uma professorinha primária e do texto ser todo permeado de astrologia. Precisei fechar as páginas correndo muitas vezes porque não sabia se estava lendo ou olhando no espelho. Lendo ou pensando alto? Confesso que o processo foi meio bizarro. 

A leitura terminou, mas vou deixar aqui, nesta véspera de aniversário, (vários) trechos que definem Lóri/Eva:

"Supôs que ele queria ensinar-lhe a viver sem dor apenas."

"... faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua, pois ela era lunar."

"... o que não soubesse ou não pudesse dizer, escreveria."

"... sabia que havia um sentido secreto nas coisas da vida. de tal modo sabia que às vezes, embora confusa, terminava pressentindo a perfeição."

"... a mão subiu-lhe à garganta tentando estancar uma angústia parecida com a que sentia quando se perguntava: 'quem sou eu? Quem são essas pessoas?'"

"Mas seu descompasso com o mundo chegava a ser cômico de tão grande: não conseguia acertar o passo com as coisas ao seu redor."

"Se cansava muito, porque ela não parava de ser."

"Reconhecia com gratidão a superioridade geral dos homens que tinham cheiro de homens e não de perfume." 

"Lamentar não ter casado e não ter filhos?"

"Quero que isto que é intolerável continue porque quero a eternidade..., pois tudo o que é a morte parada, é a Eternidade de trilhões de anos das estrelas e da Terra... É nessa hora que o bem e o mal não existem, é o perdão súbito..."

"... antes da chuva cair, o diamante dos olhos se liquefaz em duas lágrimas."

"Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Inclusive é o próprio apesar de que nos empurra pra frente."

"A consciência de sua permanente queda humana a levava ao amor do Nada."

"Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse a casa dele, e é. Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem,..., tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo. Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Aviso que ele não tem nome: basta chamá-lo e se acerta com seu nome. Aviso que também não se deve temer o seu relinchar: a gente se engana e pensa que é a gente mesma que está relinchando de prazer ou de cólera..."

"Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da Terra e da Lua. Então ele, o silêncio aparece. E o coração bate ao reconhecê-lo: pois ele é o de dentro da gente."

"Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem suportar."

"Ela era inalcançável. Não só inalcançável por ele mas por ela própria e pelo mundo. Ela vivia um estreitamento no peito: a vida."

"'Não entender' era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito."

"Queria entender o bastante para pelo menos ter mais consciência daquilo que ela não entendia."

"No entanto às vezes adivinhava. Eram manchas cósmicas que substituíam o entender."

'Temos construídos catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos tememos que sejam armadilhas."

"E depois, estancada a dor como se não tivesse sequer havido, exausta, após ter nadado quilômetros no universo vazio, ficara ofegante, jogava-se nas areias brilhantes de um planeta, imóvel, de bruços."

" - E das amigas, você não sente falta?
  - Amiga só tive enquanto estudava. Agora prefiro ficar sozinha."

"Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma. "

"Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece."

"Não há modo mais perfeito, embora inquieto, de usar o tempo: o de te esperar."

"Ela sabia que não devia pedir o impossível: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada."

"Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

"Já estava com saudade do que fora."

"- Por que você olha tão demoradamente cada pessoa?
 - É que eu gosto de ver as pessoas sendo."

"Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa mas seremos um só."

"Ansiava por novo êxtases. Suportaria tudo. Contanto que lhe dessem tudo. Não. Ninguém lhe daria. Tinha que ser ela própria a procurar ter. Era ela mesma que tinha que ser sua própria guardiã."

"O ciúme acordou-a em sobressalto. Também isto ela iria sofrer? Sim, também o ciúme, também a cólera, também tudo."

"Então iria experimentar o mundo sozinha para ver como era. Mas dessa vez não na piscina, mas no mar, em hora em que ninguém aparecia."

"...como no amor em que a oposição pode ser um pedido secreto."

"Chegara ao ponto de acreditar num Deus tão vasto que ele era o mundo com suas galáxias. Era um Deus para o qual não se podia implorar: podia-se era agregar-se a ele e ser grande também."

"Você não precisa ter companhia para ir, você mesma é bastante."

"Preferiria morrer de amor do que sentir-se indiferente."

"E a noite incomensurável dos sonhos começou, vasta, em levitação."

"Seus olhos se encheram de lágrimas que não caíam, só faziam com que parecessem duas poças plenas."

"Teus olhos são confusos mas tua boca tem a paixão que existe em você e de que você tem medo. Teu rosto tem um mistério de esfinge: decifra-me ou te devoro."

"O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar - já Sherlock Holmes sabia disso."

"Ela não sabia beber: bebia muito depressa como se fosse um refresco."

"É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes. É preciso acreditar no sangue como parte importante da vida. A truculência é amor também."

"Esse ano estava com um turma excepcional para ensinar, que lhe pedia resposta a tudo, e que o obrigava com duro prazer a pensar mais e a estudar mais."

"Lóri suportava a luta porque Ulisses, na luta com ela, não era seu adversário: lutava por ela."

"Sabia que ela própria é quem cortara vínculos a vida inteira, e talvez alguma coisa nela sugerisse aos outros a palavra 'adeus'."

"Vivia de coincidências. Vivia de linhas que se incidiam e se cruzavam."

"Uma lua cheia estava sinistra no céu. Então ela se banhou toda nos raios lunares e se sentiu profundamente límpida e tranquila."

"Uma das experiências humanas e animais mais importantes: a de pedir mudamente socorro e mudamente este socorro ser dado."

"Que é que eu faço? Não estou aguentando viver. A vida é tão curta e eu não estou aguentando viver."

"Ter uma vida só era tão pouco!"

"Como se fosse a maçã proibida do paraíso, mas que ela agora já conhecesse o bem, e não só o mal como antes. Ao contrário de Eva, ao morder a maçã entrava no paraíso."

"Era como se o pacto com o Deus fosse este: ver e esquecer, para não ser fulminada pelo intolerável saber."

"Só tinha um medo: a de que Ulisses a decepcionasse."

"- Como é que você se dava com sexo?
 - Era a única coisa, disse ela, em que eu dava certo."

"Não tinha o dom da palavra e não podia explicar o que sentia ou o que pensava, além de que pensava quase sem palavras."

"Lutara toda a sua vida contra a tendência ao devaneio, nunca deixando que ele a levasse até as últimas águas."

"Saiba também calar-se para não se perder em palavras."

"Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa última que se pode dar de si."




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domingo, novembro 03, 2013

FAZ DE CONTA QUE ELA NÃO ERA LUNAR, FAZ DE CONTA QUE ELA NÃO ESTAVA CHORANDO POR DENTRO

O termo ECLIPSE tem origem grega e significa DESMAIO ou ABANDONO.

Diz a lenda chinesa que houve um tempo em que a humanidade tornou-se muito cruel e egoísta. Então o dragão celestial engoliu o Sol e disse aos homens que só depois de repensarem suas ações devolveria a LUZ através do seu furico. 

Assim ocorreu. Não sei o que fizeram de fato para melhorar, mas o que importa pra mim é a pegadinha que o dragão proporcionou. Um breve intervalo de "escuridão" para reencontrarmos o mais íntimo podre que nos habita. 

Em Astrologia costumamos observar no mapa da pessoa onde ficam a cabeça e a cauda do dragão. A casa que abriga o rabo do bichão é aquela cujos assuntos sempre sentiremos um certo incômodo. Retomando a lenda: já pensou... você se redime dos seus erros, mas ainda fica com o fedor da cocô do animal na mão? Não há como esquecer. 

Mês passado rolou um eclipse da Lua e hoje teve do Sol. Nenhum dos dois visíveis para nós. No entanto, o fato de não ser visto não é o mesmo de não ser SENTIDO. 

O astrólogo João Marcos Cividanes explicou o evento de um jeito que gostei:

"Sempre que há algum eclipse temos a chance de observar partes obscuras do nosso ser, que muitas vezes não paramos para observar e, nesses insights, nos é dada a oportunidade de fazer rupturas com o que anda nos atrasando. 
É um alerta para desacelerar e perceber melhor a maneira que estamos nos relacionando com as pessoas.
Atitudes hipócritas podem ser claramente desmascaradas, tanto em nós quanto nos que nos cercam, através de palavras que deixamos escapar ou explosões emocionais repentinas. 
Precisamos agir mais e falar menos. Observaremos mais claramente onde estamos sendo indolentes, autossabotadores ou se simplesmente estamos esperando que alguma coisa caia do céu. 
Pare de tentar jogar cartas marcadas e se atire mais no fluxo das coisas com consciência que são SUAS DIREÇÕES INTERNAS QUE CRIAM O CONTEXTO NO QUAL VOCÊ HABITA TODOS OS DIAS."

"É o abalo e a reorganização de estruturas internas e externas. Ou repetimos os erros, através de reações violentas, descontroladas, justificando uma reação ainda mais violenta e castradora ou partimos para um outro tipo de organização, a recusa da fonte envenenada de alimento.
Veremos muitas realidades belas e bem construídas tendendo à desintegração. Ficará claramente insuportável o que precisa ser deixado, resolvido, reciclado - nossos necrotérios, depósitos de lixo que guardamos dentro de nós, na esperança de ver nosso mundo falso ter um pouco de legitimidade, de falsa beleza, começam a exalar um cheiro ruim.
Deixe o lixo sair, para que haja espaço para o que é belo e novo entrar. A medida da dor é a medida da dose do remédio que pedimos."


(Se vi direito, no dia do eclipse da Lua a cabeça do dragão tava em escorpião e agora o Sol também está nesse -meu- signo. Realmente é tempo de refletir e transformar algumas coisinhas. Pelo menos o eclipse do Sol acionou minha Vênus, a deusa do amor!)

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